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domingo, 8 de setembro de 2013

Situação de Aprendizagem

Atividade solicitada no módulo 3 do curso 1 Melhor Gestão Melhor Ensino - Formação de Formadores - Elaboração de uma situação de aprendizagem.

Tema: Terra e Universo

Subtema: Planeta Terra: características e estrutura

Série: 5ª série/6º ano

Conteúdo: Terra: dimensão e estrutura

Tempo de desenvolvimento: 8 aulas

Competências e Habilidades:
  • Identificar a representação da Terra em fotos, planisfério e imagens televisivas;
  • Ler e interpretar imagens e modelos representativas do planeta Terra, fazendo estimativas de suas dimensões.

Estratégias:
  • Levantamento de conhecimentos prévios por meio de problematizações
  • Exibição de vídeo
  • Leitura de textos
  • Trabalho com o Programa Stellarium
  • Realização de atividades individuais ou em grupo
  • Confecção de material para compor o Mural coletivo
  • Discussão em grande grupo
  • Pesquisa orientada (internet/livros didáticos)

Recursos:
  • Data-show
  • Notebook
  • Acesso à internet
  • Vídeo
  • Textos informativos
  • Imagens da Terra
  • Cartolina
  • Papel sulfite
  • Cola
  • Tesoura

Avaliação:
  • Qualidade dos registros
  • Discussões sobre as atividades
  • Participação individual nas discussões e nos exercícios propostos
  • Participação nas atividades em grupo

Roteiro da Sequência Didática

Sondagem a partir do levantamento de conhecimentos prévios: "Vocês já ouviram falar em Sistema Solar?”; “a Terra faz parte do Sistema Solar?”; “Nosso planeta é pequeno ou grande em relação aos outros planetas?"

Problematização: "Como a Ciência faz para coletar informações sobre o planeta Terra?"

Leitura Compartilhada: Na Sala de Leitura da escola, oportunizar o compartilhamento de leituras coletivas de trechos dos livros e sugerir que eles continuem a ler por inteiro as obras indicadas:
  • Viagem ao céu de Monteiro Lobato – Editora Globo
  • O ônibus Mágico – Perdidos no Sistema Solar - de Joanna Cole – Editora Rocco
  • Azul e lindo planeta Terra nossa casa - de Ruth Rocha
  • O menino que achava que o planeta Terra era todo dele - de Lucas Yuri


Contextualização: Exibição do vídeo “Pálido ponto azul” de Carl Sagan e apresentação de fotos famosas do Planeta Terra.

A Terra vista da Apolo 17 em 1972 

Imagens geradas pela Nasa em 2001 (esquerda) e 2002 (direita)
Registro das informações mais importantes pelos alunos.

Pesquisa dirigida (pesquisa de dados de forma significativa): Na sala do acessa escola, com sugestões de sites previamente indicados pelo professor e de posse de um roteiro, os alunos irão pesquisar o tamanho do planeta Terra, a distância média Terra-Sol, o formato do planeta, sua estrutura geofísica e maneiras como a ciência coleta informações sobre o planeta. Pesquisarão também diversas imagens sobre o planeta de diferentes épocas.

Sistematização do conhecimento: o professor apresentará algumas das imagens vistas em aula e pedirá que, com elas, os alunos montem uma apresentação em PowerPoint, incluindo legendas. Para isso, eles devem utilizar as anotações feitas em aula, a partir das leituras efetuadas, da exibição do vídeo e do roteiro de pesquisa. Eles podem fazer isso em pequenos grupos, organizando primeiro a sequência de imagens e em seguida elaborando as legendas para cada uma delas. Além disso, organizarão um quadro-resumo, que poderá ser retomado pelo professor, ao final de cada etapa do desenvolvimento das atividades, composto por duas colunas: "o que já sabemos sobre a Terra e o que ainda nos falta descobrir?"

Atividade com o Programa Stellarium: Uso de ferramenta de observação do céu que, como um telescópio virtual, permite simular observações astronômicas, ver detalhes das orbitas planetárias, constelações, nebulosas e até outras galáxias. Ele também mostra como outras culturas organizavam as constelações no céu. No caso, utilizaremos para descobrir mais informações sobre o Planeta Terra, obter imagens, em vários ângulos e momentos diferentes do dia e da noite e compreender melhor sua posição no céu.

Registro das informações obtidas e organização das imagens obtidas com o uso da ferramenta.

Aplicação do conhecimento em situações novas: Será apresentado aos alunos o texto “A esfericidade da Terra” sob forma de leitura colaborativa para complementar as informações obtidas com o uso do Programa Stellarium.

Registro e organização de todo o material pesquisado e produzido pelos alunos, bem como das imagens, para elaboração de um mural coletivo, onde todo o conhecimento será compartilhado com as demais séries, considerando outros diferentes tipos de gêneros, para aquisição e aprimoramento das competências leitora e escritora.

Avaliação: Será contínua e se pautará na observação da participação e envolvimento dos alunos em todas as atividades. Os produtos finais de cada aula, tais como as respostas aos desafios propostos, as pesquisas, a organização das imagens, a leitura do texto, a participação no debate, a elaboração de material para compor o mural e a produção do texto serão avaliados dentro de critérios específicos como qualidade da produção, pertinência aos temas estudados e também a pontualidade na realização e entrega das atividades.

Recuperação: O professor ao longo de todo o trabalho, aproveitará para levantar os pontos que ainda precisarão ser mais discutidos e montará agrupamentos produtivos para discutir os temas propostos por ele. Após isso, coletivamente os grupos montarão um texto do tipo "Você sabia que..."

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Memorial de leitura

Rosângela Ranzani

Adorei vários depoimentos, mas destaco Antonio Callado que nos mostra como a leitura nos leva a humanização, o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor,  podemos realmente afirmar como fundamentais para nossas vidas. E também como a Nina Horta os livros são uma tentação de consumo, adoro ir a uma livraria e comprar um livro, chegar em casa e desfrutar do prazer da leitura.

Enquanto fazia a leitura dos depoimentos, foi passando um filme dos vários livros que foram presentes em minha vida, as emoções que despertaram, vivia aqueles personagens e na maioria das vezes não queria parar a leitura para saber o final. Sempre aprecei também a poesia, Fernando Pessoa era leitura constante, além de Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meirelles, Manuel Bandeira, Mario Quintana, Cora Coralina, enfim, são vários, que me emocionam com suas sensibilidades.

O prazer em realizar uma leitura nos entusiasma e nos envolve em novas descobertas, sendo essencial para novos caminhos.

Memórias literárias de Márcio Luis Matsumoto

Apesar de ter aprendido a ler com minha mãe não foi em casa e nem precocemente. É que ela foi minha professora de 1ª e 2ª séries e esse processo foi fácil e não consigo me lembrar de ter tido dificuldades. Me lembro, sim, daquela caixa de química que ganhei da tia Nívea e que foi o meu brinquedo preferido por um longo tempo. Tinha, penso eu, uns 8 ou 9 anos, e conseguia realizar todas as experiências sem nenhuma ajuda, lendo as orientações para realiza-las.

Meus pais sempre foram leitores e tínhamos muitos livros em casa. Também tive professores muito bons. Gostava muito das aulas de literatura da Professora Suzana que solicitava que lêssemos os clássicos. Tive muitos incentivos para adquirir minha competência leitora.

Mas, já como professor, ainda iniciante, me lembro do Nelson, aluno do 1º ano do Ensino Médio que faltava muito. Após  passar o ponto na lousa (eu também fazia isso) e comentar sobre o conteúdo, pedi que os alunos respondessem a um questionário para localizar informações. Acompanhando a turma nessa tarefa, percebi que o Nelson, nitidamente, estava com dificuldades. Não havia ainda, já passado uns quinze minutos em que os alunos trabalhavam, respondido nenhuma questão.
Me aproximei dele, li em voz alta a primeira questão e ele não não falou nada. Pedi que, voltando algumas páginas do caderno, localizasse a informação pedida na questão... Apontei, então, o trecho do texto, escrito com uma boa caligrafia, que respondia tal questão. Então, olhei para ele, e percebi, nos seus olhos, um grande desespero. Compreendi que ele era copista e não conseguia compreender o que havia escrito.
Lembro que nunca mais voltei a vê-lo.

Até hoje penso nele e de como, de alguma maneira, colaborei para que ele evadisse sem que pudesse fazer nada.

Márcio Luís Matsumoto
PCNP – Ciências
DER Miracatu

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Memorial "Minhas Primeiras Experiências Com Leitura e Escrita"


Introdução

Escrever um relato biográfico tem um grande significado, pois se desenvolve um processo de reflexão, onde podemos compreender sobre nós mesmos, sobre nossa formação docente. Através da escrita de minha autobiografia busco a professora que sou dentro de mim, me faz refletir sobre a origem de minhas próprias concepções a respeito do ensino e da escolarização. A análise e escrita das minhas próprias recordações da escola e de seu cotidiano, permite que eu busque ativamente a minha identidade profissional.
Faço uma leitura do que eu posso esperar de mim mesma como docente, possibilita eu me entender como sujeito na relação ensino-aprendizagem, qual é o meu papel no contexto escolar, o caminho que devo seguir na construção de novas práticas no atual momento.
Construo um espaço onde estruturo as experiências pessoais, busco referências que são fundamentais para que eu possa compreender as especificidades da minha prática docente, os desafios que enfrento na profissão, permitindo assim a visualização e a mobilização de ações que me fortaleçam, que permitam reconstruir minha identidade e valorização profissional.

A escolarização: Primeiro contatos com a escrita e a leitura
Venho de uma família de origens diversas, meu pai é descendente de alemães e portugueses e minha mãe de japoneses, nasci no ano de 1967, sou a caçula de quatro irmãs, são de 2 anos a diferença de idade entre uma e outra, então, enquanto ainda mamava no peito, minhas irmãs já sabiam ler e escrever.
Conta minha mãe, que desde os três anos de idade, minhas irmãs contavam as estórias de gibis para mim e eu prestava muita atenção, depois que elas iam para escola, eu pegava esses gibis e ficava “lendo” em voz alta, isso chamou a atenção da minha mãe, que procurou constatar se eu tinha aprendido realmente a ler com tão pouca idade, a narrativa oral que eu fazia tinha todo o sentido.
Então, ela percebeu que eu havia decorado todo o texto e quando eu olhava as gravuras, fazia a “leitura visual através delas” e expressava oralmente como se estivesse decodificando as letras. Meu pai também incentivava muito a leitura, era um “devorador” de livros, todo mês passava em casa um vendedor de enciclopédias e literaturas e meu pai comprava algumas coleções e obras. 

Em casa nunca faltou estímulo à leitura, pelo menos por parte do meu pai, que jamais em sua vida deixou de ler um só dia, qualquer gênero literário que fosse, o exemplo faz toda a diferença. Meu pai também sabia marcenaria, fez uma lousa de madeira grande e verde para nós, era a nossa diversão, eu e minhas irmãs brincávamos de escolinha, tempos bons aqueles!

A primeira lembrança que tenho do contexto escolar, é aos 4 anos de idade, se refere à semana que minha irmã iniciou o pré–primário na escola estadual, que distava quatro quarteirões de nossa casa, minha mãe levava minha irmã até à escola e eu ia junto, quando lá chegava, armava o maior pampeiro, porque queria ficar junto na mesma sala da minha irmã.
 Minha mãe bem que tentou me colocar na EMEI Pinóquio, mas eu não queria,  queria mesmo é estar perto da minha irmã, aprendendo o que ela aprendia, é claro que o sistema não permitia e voltava com minha mãe para casa muito frustrada. Isso perdurou por um ano inteiro, mas não desisti, insisti muito, até que minha mãe foi até a escola tentar convencer o diretor a me matricular.
O diretor meio relutante, concordou, mas só efetivaria a matrícula quando eu completasse 5 anos, que seria quase no meio do ano seguinte, no mês de maio. É claro que não seria uma matrícula convencional, eu freqüentaria as aulas, faria as provas, mas essas notas não constaria no histórico escolar, até que eu tivesse a idade exigida do ingresso na Rede Escolar.
Então, chegou o “grande dia”, meu primeiro dia de aula foi muito marcante, não foi de maneira oficial, pois estava participando como ouvinte, na classe de minha irmã, 2 anos mais velha que eu. Era o pré-primário, com a Professora Dona Maria Eliza, no Grupo Escolar “Gesc Profª Mercedes Paz Bueno”. Mesmo sem uniforme, coloquei meu agasalho, porque era maio e estava um pouco frio, minha mãe colocou meu lanchinho na lancheira azul, pequena, retangular, com um buraco em um dos lados, para caber a mini garrafa de suco, era o sonho de consumo de qualquer pequeno estudante, comprou também todos os materiais: giz de cera, lápis 12 cores, caderno de desenho, eu adorava tudo aquilo.
Fui para escola toda exultante, todos os materiais estavam arrumados, não me lembro como eu levei esses materiais, se foi em mochila ou qualquer outra bolsa, mas não importa, o que realmente foi importante é que a professora me recebeu com alegria e eu sentei na mesinha quadrada, com 4 cadeirinhas,  com mais 3 colegas e adorei a aula, fazia um pouco de tudo, massinha de modelar, pintava com as canetinhas SylvaPen no caderno de desenho, treinava exercícios de coordenação motora. 






Agora sim, aprenderia a ler de verdade, minhas irmãs não mais me diriam: “você é analfabeta”, nossa, como eu tinha raiva daquela frase. Minha sala de aula era bem ao lado da cozinha, sentia o cheiro da merenda, quando estava sendo preparada, gostava do recreio, comia sagu e bebia leite de soja de morango, brincava com as meninas de pega-pega, esconde-esconde.

Se corrêssemos muito no recreio, fazendo muita algazarra, o Seu Álvaro Campos , o Diretor da escola, colocava a gente de castigo no “paredão verde escuro”, a inspetora, a Dona Genebra, ameaçava: “parem de correr, olha o paredão”! Se alguém recebesse o castigo do paredão, tinha de ficar durante todo o recreio encostado e de frente para o tal paredão e de costas para o pátio, achava aquilo a maior vergonha que alguém podia passar, se fosse um fato muito grave, “a vítima” permaneceria nesse castigo durante as aulas também, nunca fui ao paredão, ainda bem!
O pré-primário era uma classe muito harmoniosa, a professora, Dona Maria Eliza, era bem paciente, ajudava a todos sem distinção, sentávamos em grupo de 4 alunos, na mesinha baixa quadrada, fazíamos atividades diversas, desenhos, aprendíamos as vogais, as consoantes e a escrever nosso nome, fiquei quase 2 anos nessa sala, a Dona Maria Elisa ficou muito apegada à mim.
No último dia de aula, minha mãe levou um presente para a Professora Maria Eliza, uma maneira de agradecer a dedicação e atenção que dispensara durante o tempo que permaneci em sua sala de aula. A D. Maria Eliza se emocionou, o presente era uma placa de inox (cartão com estojo de veludo), que meu pai gravara com suas mãos de calígrafo, uma frase homenageando seu trabalho de educadora. Naquela época (1972), meu pai era o único calígrafo da cidade e além de relojoeiro, trabalhava com encomendas de gravação de bandejas e placas para grandes e pequenas joalherias e universidades.
Eu tinha muito orgulho da profissão do meu pai, não me cansava de vê-lo gravar com aquela maquininha de dentista, muito barulhenta, e admirava seu talento de calígrafo e mais ainda quando, no final da gravação, ele passava nas letras uma espécie de giz de cera dourado, que soltava muito pó, ele ficava bravo comigo porque, durante a finalização da gravação ficava muito grudada nele e o pó dourado se espalhava no ar e ele dizia que fazia muito mal, mas eu não me importava, o que eu queria era ver o trabalho acabado e os dizeres com todas aquelas letras douradas, achava lindo!
Passei o ano inteiro no mundo das letrinhas, fui para a 1ª série quase alfabetizada. Fiquei na mesma escola durante 10 anos. Uma década de aprendizado. A minha inserção no mundo da leitura e da escrita em minha infância foi uma experiência muito significativa.
Todas essas lembranças permitiram-me concluir que, a relação entre a leitura e escrita na infância antes de ingressar na escola, estimulou e contribui para o meu processo de escolarização e isso foi decisivo na formação que tenho hoje, o de ser professora, porque a profissão traz a exigência de sermos eternos leitores e escritores. Não há como separar a nossa experiência e formação pessoal da nossa formação profissional.
O Ensino Fundamental I - antigo primário
A escola que cursei durante todo o 1º grau foi a Escola Estadual de Primeiro Grau (EEPG)” Profª Mercedes Paz Bueno”, era uma escola muito tranqüila, apenas três quarteirões da minha casa. A escola tinha dois pavimentos, o térreo e o 1º andar, as minhas salas na época do primário foram todas no térreo e no ginásio (5ª a 8ª) foram no 1º andar.
O meu 1º Dia de Aula, em 1973, agora oficialmente matriculada e uniformizada,  vestida com uma blusa de gola branca, com o emblema da escola no lado esquerdo do peito, saia azul marinho de bico, tênis bamba com meia ¾ branca, não levei material, pois o material escolar ficava na sala dentro de um armário, os pais tinham que levar com antecedência os materiais escolares para a escola, então só levei a lancheira e minha disposição.
Meu caminhar na 1ª série, foi tranqüilo, não achei nada difícil a cartilha “Caminho Suave”, já sabia as vogais e separadamente as consoantes, aprendi a juntar as sílabas mais complexas com a Dona Araciara. Essa professora era um pouco exigente, mas nunca perdia a doçura, quando ela escrevia na lousa a parte de baixo do seu braço direito balançava tanto que dava até aflição, que letra linda ela tinha, sua lousa era extremamente organizada, sempre elogiava seus alunos quando tinham êxito em alguma atividade.

Conheci as primeiras operações matemáticas. Teve um fato que me marcou muito logo na 1ª série, havia um garoto, o André, o irmão da Rosana, que também estava na minha classe, que tinha várias convulsões e eu tinha muito medo, aliás, a classe toda, ninguém ao seus 7 anos de idade compreendia aquilo, era uma gritaria quando o menino se debatia no chão, devido as convulsões, a professora a D. Araciara pedia calma e para todos se afastarem dele, foi tantas vezes, que o coitado precisou sentar lá no fundo, para que não machucasse ninguém e também não se machucasse, acabou que a família se mudou no ano seguinte, ninguém mais soube deles. 

Outro fato na mesma série é que, todo final de ano, a escola premiava os dois melhores da cada sala e justo aquele ano ela havia sido abolido o costume, fiquei muito triste, porque fui a melhor da sala, só em Língua Portuguesa fiquei com 95, em Estudos Sociais, Matemática e Ciências Físicas e Biológicas e Programas de Saúde fiquei com média final 100, então não achava justo não receber a medalhinha, o prêmio tão sonhado. Minha irmã tinha recebido da sua professora da 3ª série a tal medalhinha, minha mãe contou para a minha professora a minha tristeza, que decidiu por conta própria comprar a medalhinha e foi em casa entregar para mim, que alegria senti naquele momento, receber a medalhinha era o reconhecimento que o esforço valeu a pena.
Em todo o período do primário não me lembro de nenhum episódio de indisciplina por parte de nenhum dos meus colegas. Foi só na 2ª série que aprofundamos na Língua Pátria, a Língua Portuguesa como era chamada, a matemática ficou um pouco mais difícil, gostava de ciências e nunca me envolvi muito com Estudos Sociais, mas também foi tranqüilo.
Não gostei muito da 3ª série por causa da professora que era muito rígida e impaciente, já a 4ª série me deu muita satisfação, a professora Dona Ofélia me tinha como uma das preferidas, talvez isso não fosse pedagogicamente correto, porque temos que ser imparciais dentro de uma sala de aula, mas ela me devolveu a minha auto-estima, que quase a Dona Dulce me fez perder por completo na 3ª série.
A 4ª série foi tão importante para mim que, guardei todas as avaliações bimestrais e a redação premiada com o tema: “O Brasil é feito por nós”. A Diretora Dona Francisquinha entregou na sala a minha redação, escrita em papel almaço, fez menção honrosa e quando voltei para casa mostrei aos meus pais toda orgulhosa, a anotação que ela escreveu na folha.
Terminei o primário com a sensação de dever cumprido, o ginásio seria outra etapa escolar com desafios, minhas irmãs relatavam em casa as dificuldades, mas eu não tinha medo, gostava do ambiente escolar, dos meus colegas e teria muitos professores novos, a infância ali ficou, com o término da 4ª série, a fase de adolescência se iniciaria, com novas perspectivas e experiências inesquecíveis.Parte superior do formulário
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Minhas memórias de leitura





Dentre as várias lembranças de leitura e escrita, antes de aprender a ler e escrever adorava quando a minha mãe lia para nós (quatro irmãs) de uma família de nove filhos, as historias de “Monteiro Lobato”, como Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve e os sete anões, Cinderela, dentre outras. Tínhamos em casa a coleção completa. Eu queria aprender a ler, achava lindo! Como minha mãe poderia ler tudo aquilo, como ele era sabida! Era louca para aprender a ler. Pegava nos livros, fazia a leitura das imagens, fingia que sabia ler, era engraçado. Quando entrei na escola já com o material escolar, levei a cartilha Caminho Suave debaixo do braço, e mais uma vez fiquei fascinada quando a professora começou a lição. Comecei a reconhecer as letras e logo fui juntando-as. Em todos os lugares que passava, lia as placas os anúncios. Logo veio a grande experiência na escrita, quando a minha mãe muito feliz porque eu já sabia ler e escrever ,pediu que eu escrevesse uma carta para minha avó que morava na Paraíba, foi tudo muito lindo.
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 Ainda criança li também muitos gibis e na adolescência li alguns livros de “Agatha  Christie”. Tomei ainda mais gosto pela leitura e muitos livros passaram pelas minhas mãos.




O despertar de uma leitora...

Imaginem uma garota de 10 anos que sempre foi curiosa a respeito da natureza e de repente se vê as voltas com um “crime” ocorrido no mundo dos insetos. Foi com este livro, “O caso da Borboleta Atíria”, que eu despertei para o prazer da leitura. Foi algo tão intenso que  realmente "mexeu" comigo, acionou todos os mecanismos da minha imaginação para tentar desvendar o mistério que tinha como protagonista a borboleta-detetive Atíria, numa estória  em que suspense, fábula e magia se misturam.
Tudo ocorre em uma floresta, no mundo dos insetos. Em uma árvore nasce uma meiga borboleta de nome Atíria,  que é encontrada e criada por uma simples Jitirana, parente da cigarra. Nessa floresta assassinatos começam a acontecer e todos pensam e tem vestígios de serem corujas as culpadas e na busca do assassino muitas surpresas e reviravoltas  acontecem na trama.
Segundo a autora, Lúcia Machado de Almeida, o livro “bom para criança é o que desperta nela uma curiosidade para o mundo, o conhecimento dos seres e da natureza”. Comigo funcionou dessa forma, essa leitura conseguiu mobilizar minha atenção e me deixar curiosa e ansiosa para chegar ao fim do suspense e solucionar o mistério. Lembro-me de ter desenhado os personagens e pesquisado seus nomes científicos e características, tendo me surpreendido a cada descoberta pois a autora realmente conhece o mundo dos insetos.
Num certo ponto da estória os personagens adquirem uma dimensão humana, deixam de ser insetos. Comecei  a pensar neles como humanos com suas características mais marcantes de vaidade, egoísmo, ambição e luta pelo poder. Até a angústia da Atíria me contagiou na cena em que ela é perseguida pelo assassino, momento em que fui vivenciando a sua limitação para voar, me envolvendo com ela e sentindo o seu terror (de um simples besouro...)
A partir desse livro, a leitura se tornou minha companheira inseparável.

Depoimento de leitura e escrita - Renata Andrea Cherubin Correia 
(Escrito especialmente para o Curso "Melhor Gestão, Melhor Ensino - Formação de Formadores de Ciências" 


Sinopse:

Helicônia sempre foi estimada por todos e não tinha inimigos de espécie alguma. Então, quem matou a noiva do Príncipe Grilo, o Senhor das Florestas? Que motivo alguém teria para executá-la? Descobrir as respostas destas perguntas é a tarefa de Papílio - amigo de infância de Sua Alteza e detetive do bosque. Para decifrar o enigma, ele vai contar com a colaboração da borboleta Atíria. Mas os dois nem imaginam o que os aguarda no interior da Gruta dos Horrores.
Solte sua imaginação! Faça de conta que você ficou pequenininho e venha para as matas do Príncipe acompanhar o caso da borboleta Atíria.




Sucesso da Série Vagalume, "O Caso da Borboleta Atíria" foi escrito por Maria Lúcia Machado e publicado em 1972, pela Editora Ática. 

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Lembranças de uma pequena leitora


Sou Sandra, uma professora de Biologia de Americana/SP. Minha primeira experiência com a escrita foi muito cedo, com apenas cinco anos. Meu pai, um homem de origem simples mas que buscou estudar durante toda a sua vida, lia e escrevia muito (sua letra era quase um desenho, linda mesmo). Eu, filha única, estava sempre junto dele e ficava fascinada por aqueles "desenhos" que ele produzia enquanto fazia as atas das suas reuniões de trabalho. Pedia para ele me ensinar a escrever e ler e, assim ele o fez. Aos cinco anos já lia e escrevia sem problemas.

Durante todos os meus primeiros anos de vida escolar li todos os tipos de livros infantis e infanto-juvenis.
Parti então para meu segundo grande desafio: a estante de livros no quarto de meu tio. Meu tio Roberto morava conosco e em seu quarto havia uma estante repleta de coleções dos grandes autores brasileiros: Machado de Assis, José de Alencar, Jorge Amado. Decidi que puxaria um daqueles volumes, ricamente encadernados e o leria. Sabem qual foi o livro? "Dom Casmurro". Com apenas 10 anos de idade, mergulhei naquela trama, cheia de palavras incomuns com muita curiosidade.


Dai para frente, nunca mais parei de ler. Leio em minhas horas de trabalho, em minhas horas de estudo e em minhas horas de descanso. Leio para meus filhos, para meus alunos, para os professores e para mim. Sim, ler para mim é realmente muito bom!
Assim, posso dizer que amo a poesia de Drummond e de Ricardo Azevedo, as crônicas de Scliar, os textos de Adriana Falcão, os livros de Paulo Freire, a fantasia de André Vianco.

A leitura me acalma e me proporciona viagens fantásticas para fora e para dentro de mim mesma. É através da leitura que ensino, mas principalmente que aprendo e, quando me refiro a aprender, não estou me restringindo a minha formação acadêmica! Aprendo a investir em reflexões que gerem qualidade de vida e que me tornem uma pessoa cada vez melhor.